15 fevereiro 2012

MIES VAN DER ROHE: CASA TUGENDHAT


A casa Tugendhat é uma das primeiras representantes do movimento modernista na história e colaborou para a aceitação, em todo o mundo, de uma nova maneira de se fazer arquitetura. Isto levou a Unesco a adicioná-la, em 2001, à lista de Patrimônio Cultural da Humanidade.
Projetada por Mies Van der Rohe e construída entre 1928 e 1930 na cidade de Brno, República Tcheca, a casa é a construção mais importante do arquiteto na Europa, e deveria abrigar 11 pessoas em seus 2000m² - os cinco membros da família (o casal e três filhos) e seis empregados (a babá, duas empregadas domésticas, o cozinheiro e o chofer com sua esposa).

VIDEO: DOCUMENTÁRIO VIVIENDA TUGENDHAT



Sua idealização incorporou hábitos da época, como quartos separados para o casal. Porém, suas linhas não envelheceram e os móveis concebidos especialmente para ela são comercializados até hoje, no mundo todo.

VILLA TUGENDHAT, MIES VAN DER ROHE, BRNO



Para atender ao estilo de vida da família e garantir o seu conforto, um pavimento inteiro, o inferior, foi destinado aos equipamentos técnicos (central de aquecimento de água, de ar-condicionado, e do acionamento elétrico da área de vidro no ambiente social), muito inovadores para a época. Este piso ainda abrigava um laboratório fotográfico e sala de projeção para filmes, já que o patriarca, Fritz Tugendhat, também era fotógrafo e cinegrafista amador.


Segundo Fritz Tugendhat, a família procurava por luz, ar, clareza e honestidade e, logo após conhecer Mies Van der Rohe, o contratou. Em setembro de 1928, ao visitar o terreno, Mies percebeu que mesmo considerando as dificuldades impostas pelo declive, a vista e as condições de insolação eram muito favoráveis.


Esta orientação permitiu grandes aberturas para garantir o aquecimento da casa durante o inverno, sem perda de privacidade, pois esta face se voltava para o interior do terreno. Era a oportunidade ideal para realizar o conceito de abrir o espaço interno para o exterior através de uma ampla pele de vidro - uma das características marcantes do projeto.


O edifício foi organizado pelo arquiteto em três pavimentos, sendo que apenas o mais alto fica visível na rua, os outros dois encontram-se semi-enterrados. Os diferentes planos e volumes que compõem o edifício são dispostos assimetricamente. O volume que abriga as áreas de serviços e os quartos dos empregados possui acesso próprio.


Contrariando uma disposição convencional de usos, a área íntima se localiza no mesmo nível da rua. Este pavimento se divide em duas ‘caixas’ que abrigam os quartos dos donos da casa de um lado, e os quartos das crianças e da babá do outro lado. Todos os quartos têm acesso para um terraço privativo de onde se avista a cidade.
Ligando estas duas caixas e protegido por um plano de cobertura, há um “volume virtual” de vidro leitoso que abriga a escada e onde se localiza o acesso.


Descendo a escada em leque do hall, encontra-se a área social de um lado e as zonas de serviço de outro. No pavimento inferior, que formalmente funciona como pódio (parede baixa que se destina a suportar pilares), fica a área técnica da casa.


Ao localizar a zona dos empregados e dos moradores em lados opostos, Mies garante aos proprietários as melhores vistas, além de uma ótima orientação solar e privacidade. O arquiteto também consegue obter uma ampla área de jardim e uma maior distância dos vizinhos implantando o edifício na ponta norte do terreno.


O ambiente social se destaca das outras partes da casa - mais compartimentadas para atender a demandas funcionais - e expressa com clareza o conceito de planta livre. É pautado por pilares cruciformes, revestidos em aço inox, que refletem a luz e intensificam a sensação de espaço através do seu cromado, produzindo um efeito de desmaterialização da estrutura - quase negando a sua função.


A subdivisão entre área de estar, jantar, biblioteca e ante-sala, é sugerida na disposição dos móveis e dos planos leves, em materiais ricos como a madeira ébano e o mármore ônix. Estes ambientes integrados se ampliam para o exterior através das laterais envidraçadas. A vista privilegiada faz do local um verdadeiro mirante.


Dois módulos do pano de vidro que faz o fechamento da área social podem ser inteiramente recolhidos através de um sistema que é acionado eletricamente. Todas as janelas têm sombreamento adequado, através de persianas ou toldos, ambos de enrolar, evitando que a casa esquente no verão. Esta era, inclusive, uma das exigências da família.


Segundo Fritz Tugendhat: “No inverno a casa é mais fácil de aquecer do que uma casa tradicional com paredes grossas e pequenas janelas duplas. Graças ao vidro que vai do chão ao teto e à posição elevada da casa, o sol atinge o seu interior profundamente. Em dias gelados e ensolarados, podemos baixar os panos de vidro e, aquecidos sob o sol, admirar a paisagem coberta de neve. No verão, os elementos de sombreamento e o ar condicionado proporcionam temperaturas confortáveis”.



Os Tugendhat sempre defenderam a casa, já que, como acontece com o novo, ela foi alvo de questionamento. A família judia só deixou a casa em 1938, obrigada, devido à perseguição nazista iniciada no país.







FICHA TÉCNICA
Arquiteto: Ludwig Mies Van der Rohe
Contexto: Subúrbio
Clima: Temperado
Finalidade: Residencial
Sistema construtivo: Esqueleto de aço
Área total de piso: Aprox. 2000 m²
Estilo: Moderno
Período de Construção: 1928-1930
Local: Brno, República Tcheca. Rua Cernopolni, 45
Proprietários: Grete e Fritz Tugendhat (indústria têxtil)

Saiba mais com Luciana Fornari Colombo clicando aqui

Um comentário:

jam disse...

ola sou estudante de arquitetura e posso afirmar que este site me ajudou muitíssimo na apresentação do meu projeto que seria a própria casa de mies van der rohe.aqui encontrei bastante informaçao e ilustrativos sem contar com os documentarios. adorei mesmo