22 dezembro 2011

‘SUMMER OF LOVE’: O VERÃO DO AMOR DE 1967


O verão de 1967, conhecido como ‘Summer of Love’, foi um acontecimento que mudou o Mundo. O evento teve origem numa passeata pela paz no dia 18 de abril de 1967, em Nova York, e reuniu centenas de milhares de participantes - a maior manifestação popular realizada nos Estados Unidos, até então.

VIDEO: A MARCHA PELA PAZ EM 1967



O movimento contou com a participação de intelectuais, astros da música, Hippies, professores e pessoas da classe média, para protestar contra a Guerra do Vietnã. Entre eles estava o líder do movimento pelos direitos civis, Martin Luther King Junior.

VIDEO: ANTI-VIETNAM WAR MOVEMENT DOCUMENTARY



Ao mesmo tempo, emergiam novos referenciais. Conceitos como paz, amor, liberdade sexual, maconha, LSD, underground e contracultura, começaram a antagonizar aos da Guerra do Vietnã, materialismo, consumismo, individualismo. Comunidades hippies surgiam em todo lugar: Nova York, Seattle, Atlanta, Los Angeles, Chicago, Vancouver, no Canadá, e através da Europa - contribuindo fundamentalmente para o movimento contracultural que se estabelecia nos Estados Unidos e na Europa.

VIDEO: GRIFFITH PARK EM LOS ANGELES NO SUMMER OF LOVE



Mas o epicentro de maior destaque dessa transformação aconteceu no distrito de Haight-Ashbury, em San Francisco – que passou a ser considerada a capital dos hippies, onde milhares de jovens estabeleceram residência temporária e se expressaram através da música, das drogas e da prática do amor livre.

DOCUMENTÁRIO BBC: THE SUMMER OF 1967 - THE SUMMER OF LOVE



O ‘Verão do Amor’ é considerado uma nova experiência social. A oposição à guerra inspirou estilos de vida "alternativos", numa nova era onde as pessoas ‘fariam amor, não guerra’. A geração dos hippies foi única em todos os sentidos. Eles contestavam questões como o meio ambiente, racismo, pobreza, e consumismo.

TEASER THE SUMMER OF LOVE: ONE SUMMER DREAM



Tudo começou em janeiro de 1967, quando aconteceu a reunião ‘World’s First Human Be-In’ no Golden Gate Park, em San Francisco, que reuniu cerca de 20 mil jovens cantando, dançando, e cobertos de flores, colares e pulseiras de contas.
A partir de então, a cidade passou a esperar a chegada de 100 mil hippies para o verão de 1967, chamado ‘Summer of Love’, o verão do amor. Vieram 200 mil. A Comissão de Parques precisou liberar áreas em torno de Haight-Ashbury para acampamento.

VIDEO: WORLD’S FIRST HUMAN BE-IN, 1967



O ano de 1967 também foi o mais importante da História da Música dos anos 60. A música “San Francisco” (Be Sure to Wear Flowers in Your Hair), lançada em junho de 1967 para promover o Festival Pop de Monterey, foi o hino desse Verão e ficaria para sempre associado a essa época como um símbolo fundamental. “Se você for a S. Francisco, não deixe de colocar flores em seus cabelos”, dizia a canção escrita por John Phillips, da banda ‘Mamas and The Papas’, cantada por Scott Mackenzie.
Na Europa Central, os jovens adotaram "San Francisco" como um hino à liberdade, e foi amplamente tocada durante revolta da Primavera de Praga na Checoslováquia, em 1968, contra o domínio soviético.

SCOTT MCKENZIE: SAN FRANCISCO (BE SURE TO WEAR FLOWERS IN YOUR HAIR)



O Festival Pop de Monterey, realizado na Califórnia em Julho, foi uma espécie de introdução desse extraordinário verão – o ‘Summer of Love’, onde atuaram gratuitamente (com exceção de Ravi Shankar, que cobrou três mil dólares para tocar sua cítara) músicos como Jimi Hendrix, Janis Joplin - ainda com os Big Brother and the Holding Company -, Otis Redding, os Mamas and Papas, The Who e vários outros.


Ao mesmo tempo, os discos mais memoráveis eram lançados no mundo, criando o conhecido ‘ano da música’: foi o ano do lançamento do álbum de estréia do The Doors, The Velvet Underground, David Bowie e Jimi Hendrix, além do primeiro álbum de nível internacional dos Bee Gees. Também foi o ano em que surgiram bandas como Creedence Clearwater Revival e Genesis.
O disco Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band (Beatles, 1967), contribuiu muito para o movimento do ‘Summer of Love’: elevou o rock à categoria de arte e chocou a paisagem musical.

MONTEREY POP FESTIVAL 1967



Fatos curiosos: em 31 de março de 1967, Jimi Hendrix incendiou sua guitarra em público pela primeira vez e sofreu queimaduras nas mãos. A performance se tornaria sua marca nos shows. Em 25 de junho, os Beatles apresentam "All You Need Is Love" no especial ‘Our World’, que foi a primeira transmissão de TV ao vivo para o mundo inteiro. Na apresentação participaram Eric Clapton, membros dos Rolling Stones e The Who. Em 9 de novembro, Rolling Stone Magazine publica sua primeira edição. Em agosto, morreu o empresário Brian Epstein, um fator importante na futura separação dos Beatles.

HIPPIES


Os Hippies, junto com a Nova Esquerda e o Movimento dos Direitos Civis, foram o tripé daquilo que surgiu como Contracultura. A palavra ‘Hippies’, foi publicada pela 1ª vez no artigo “A New Haven For Beatniks”, de 5 de setembro de 1965, assinado pelo jornalista Michael Fallon em San Francisco. No texto ele usou o termo hippie para se referir à nova geração de beatniks que se mudou de North Beach para o distrito de Haight-Ashbury, em S. Francisco. Mas o termo foi massificado pela mídia a partir de 1967, depois que o colunista Herb Caen, do “San Francisco Chronicle”, passou a se referir aos hippies, diariamente.

DOCUMENTÁRIO PBS: THE SIXTIES - THE YEARS THAT SHAPED A GENERATION



Por causa da educação mais liberal, que estimulou a expressividade crítica, ocorreu um posicionamento contra o stablishment e os hippies pregavam a favor do paganismo, religiões e filosofias orientais, liberação sexual, LSD, expansão de consciência, vida em comunidades, paz, amor e liberdade pessoal. A cultura hippie era mais comportamental que musical, mesmo assim influenciaram a música nos EUA e na Europa, com a fusão de rock, folk, blues e rock psicodélico.


Cabelos e barbas compridos eram considerados uma associação à contracultura. A língua oficial era o rock. E mesmo o movimento sendo caracterizado pela busca da paz, não recuava diante da opressão e da injustiça.

DOCUMENTÁRIO: OS HIPPIES (History Channel)



Em San Francisco, surgiu o entorno da esquina da Haight com Ashbury, um reduto negro que foi redecorado com cores psicodélicas, artigos orientais, muito incenso e LSD. Vida comunitária, amor livre, culto à natureza, religiões orientais, astrologia, tarô. Nascia o psicodelismo.

VIDEO: A CULTURA DAS DROGAS NOS ANOS 1960



A exploração turística foi tão grande que, a partir desse evento, os hippies deixaram Haight-Ashbury, e foram viver em comunidades rurais alternativas. Passaram a produzir mercadorias naturais e artesanais, que logo foi engolido pelo sistema, que percebeu o potencial comercial desses produtos com grande apelo conceitual, natural. Então a indústria se adapta e também muda.


O espírito criativo e positivo iniciado em 1961 começou a desaparecer com a visão da Guerra do Vietnã, os assassinatos de John e Robert Kennedy, e de Martin Luther King. O Movimento Hippie colaborou com aspectos inovadores, criativos e humanizadores, e deixou marcas para o futuro: Amor Livre; Vida em comunidade; Negação de todas as regras do capitalismo; Decisões em conjunto; Agricultura de subsistência; Troca solidária; Moda: Roupas brilhantes de inspiração indiana, estampas inspiradas em motivos psicodélicos; Valores religiosos com influência oriental; Pacifismo; Bases do Movimento Ambientalista.

DOCUMENTÁRIO: HIPPIES REMEMBER THE GLORY DAYS



Saiba mais sobre os Hippies no blog Psicodelia Brasileira


20 dezembro 2011

NOTA DE FALECIMENTO: KIM JONG-IL


O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Il, faleceu no sábado (17), às 8h30 (horário local), vítima de um ataque cardíaco. A notícia foi divulgada na segunda-feira (19) pela televisão estatal do país comunista - KCTV e pela agência de notícias sul-coreana Yonhap.
A KCTV informou que Kim "morreu de um grande esforço mental e físico" durante uma viagem de trem. "Nosso querido líder Kim Jong-il morreu no sábado -17, às oito e meia da manhã, enquanto viajava para realizar suas funções de liderança", disse, entre lágrimas e com traje de luto, a apresentadora do canal norte-coreano.

VÍDEO: KIM JONG-IL, LÍDER DA COREIA DO NORTE, MORRE APÓS 17 ANOS NO PODER



KIM JONG-UM

A Agência Central de Imprensa Coreana (KCNA), canal privilegiado do regime comunista, pediu à população que reconheça o filho mais novo de Kim Jong-Il, Kim Jong-Um, como sucessor na chefia do Estado norte-coreano. "Todos os membros do Partido (dos Trabalhadores), os militares e o povo devem seguir fielmente a autoridade do camarada Kim Jong-Un e proteger e reforçar a frente unida do partido, do Exército e da cidadania", afirma uma nota da KCNA.
Kim Jong-un, foi apontado pela agência estatal de notícias como "grande sucessor" de seu pai na liderança da Coreia do Norte.
"Temos que transformar esta tristeza em valor sob a direção de Kim Jong-un e temos que lutar para que a grande revolução tenha êxito neste momento difícil". "O comando de Kim Jong-un é seguro e definitivo para cumprir a revolução e a brilhante sucessão", conclui o escritório da KCNA.


Até agora, porém, pouco se sabe sobre o filho mais novo de Kim Jong-il. As atenções estavam concentradas no seu meio-irmão Kim Jong-nam e em outro irmão, Kim Jong-chol, ambos mais velhos que ele. Mas no último ano Kim Jong-un já havia sido nomeado general de quatro estrelas e vice-presidente da Comissão Militar Central do Partido dos Trabalhadores. Analistas da situação apontam as nomeações como um possível sinal de que ele estaria sendo preparado para o lugar de Kim Jong-il.
A Comissão Nacional de Defesa da Coreia do Norte é o mais importante órgão do governo do país, e Kim Jong-il era o presidente dessa comissão.

VIDEO: KIM JONG-UN ESTÁ PREPARADO PARA LIDERAR?



O que se sabe é que ele foi educado na Suíça, assim como seus irmãos, mas teria evitado influências ocidentais, jantando fora apenas com o embaixador do seu país e voltando para a Coreia do Norte quando não tinha aulas. Desde que voltou para Pyongyang teria frequentado a Universidade Militar Kim Il-sung.
Já foram lançados poemas e uma música (chamada Pegadas), compostos especialmente para promover as virtudes de Kim Jong-un como líder.
Cerca de 10 milhões de retratos dele estariam sendo preparados para distribuição entre os norte-coreanos, junto com retratos de Kim Jong-il.

17 ANOS NO PODER

Kim Jong-il estava à frente da dinastia comunista hereditária da Coréia do Norte há 17 anos. Herdou a liderança do Estado em 1994, após a morte do seu pai Kim Il-Sung, fundador da República Democrática da Coreia do Norte, instaurando assim a primeira dinastia comunista da história, onde impera o culto à personalidade, a censura, as execuções e as prisões arbitrárias.


Logo depois que Kim Jong-il assumiu o poder, o país enfrentou um período de muita fome por causa de reformas econômicas que fracassaram e das lavouras que produziram pouco. Com isso, estima-se que dois milhões de pessoas tenham morrido.
O regime do líder norte-coreano foi muito criticado por abusos dos direitos humanos e permaneceu isolado devido ao seu programa de armas nucleares.
Durante o governo de Kim Jong-il os recursos do país foram voltados para os militares e, em 2006, a Coreia do Norte realizou seu primeiro teste nuclear. Três anos depois, o país realizou o segundo teste.

VÍDEO: PARADA DO EXÉRCITO NORTE-COREANO NAS COMEMORAÇÕES DE 75 ANOS



Negociações envolvendo vários países para desarmar a Coreia do Norte estão paradas há meses.
Desde a apoplexia sofrida em 2008, suas aparições públicas foram poucas e sua figura refletia, cada vez mais, uma aparência frágil e decrépita.
Este ano, o líder norte-coreano tinha viajado em maio em seu trem blindado à China, principal aliado da Coreia do Norte, e em agosto também usou o mesmo meio de transporte para ir ao extremo oriente da Federação Russa.

FUNERAL


O funeral do líder norte-coreano será realizado em Pyongyang no dia 28 de dezembro (quarta-feira), informou a agência do regime comunista - KCNA. O filho mais novo do líder norte-coreano presidirá o funeral de seu pai, e o país permanecerá de luto até um dia depois, 29 (quinta).

VIDEO: PRIMEIRAS IMAGENS DO FUNERAL DE KIM JONG-IL



A KCTV informou que o corpo do ditador Kim Jong-il pode ser enterrado no Palácio Memorial de Kumsusan, onde também fica o mausoléu de Kim Il-sung, e é um dos principais pontos de visita da Coreia do Norte. Esta informação foi confirmada pela KCNA

REAÇÕES PELO MUNDO

O anúncio da morte despertou alertas na região e em todo o mundo. Os presidentes dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, Barack Obama e Lee Myung-Bak, conversaram por telefone e concordaram em reforçar a cooperação em termos de segurança.


O presidente da Coreia do Sul pediu a seus cidadãos que mantivessem a calma após o impacto provocado pelo anúncio da morte do ditador norte-coreano. O Exército da Coreia do Sul declarou um alerta e o governo sul-coreano aumentou a vigilância ao longo da fronteira norte-coreana junto com as Forças Combinadas da Coréia do Sul e dos Estados Unidos, embora não tenham sido observadas atividades incomuns.
Coreia do Sul e Coreia do Norte continuam tecnicamente em guerra desde o conflito de três anos entre os dois países, que acabou com um armistício em 1953.

O governo japonês também convocou uma reunião do gabinente de segurança e expressou condolências pela morte de Kim, um ato inesperado pelas relações tensas entre os dois países.

As Bolsas de Seul e Tóquio registraram baixas expressivas na segunda-feira após o anúncio da morte de Kim Jong-Il. Em Seul, o índice KOSPI perdeu 3,43%, a 1.776,93 pontos, em consequência da incerteza sobre o futuro do vizinho Estado comunista, que possui armamento nuclear. Em Tóquio, a queda foi de 1,26%. O índice Nikkei cedeu de 105,60 pontos, a 8.296,12 unidades.

A Casa Branca pediu, na segunda-feira, ao novo governo da Coreia do Norte que cumpra com seus compromissos na área nuclear, após a morte do líder Kim Jong-Il.

VÍDEO: O MUNDO REAGE À MORTE DO DITADOR DA COREIA DO NORTE



A China, um dos raros aliados da Coreia do Norte, apresentou nesta segunda-feira "profundas condolências" pela morte do dirigente norte-coreano Kim Jong-Il. Analistas consideram que a morte de Kim Jong-Il preocupa os dirigentes chineses, que estão obcecados com a estabilidade e provavelmente temem que Kim Jong-Un não tenha tempo suficiente para controlar o governo e os militares.

O governo de Cuba decretou 72 horas de luto oficial a partir de terça-feira (20) em homenagem ao líder da Coreia de Norte. Ainda, durante o luto oficial, a bandeira cubana "será hasteada a meio mastro nos prédios públicos e instituições militares".
O opositor cubano Elizardo Sánchez, que dirige a ilegal Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, expressou aos jornalistas sua esperança que "não aconteça na ilha um esquema de dinastia" como na Coreia do Norte.
Em 2006, os Estados Unidos denunciaram que, em Cuba, se estava tentando impor uma "sucessão dinástica" depois que o então presidente Fidel Castro, muito doente, passou o poder para seu irmão, Raúl.

17 dezembro 2011

DOCUMENTÁRIO: “A HISTÓRIA SECRETA DA OBSOLESCENCIA PROGRAMADA ”

"O mundo é grande o suficiente para atender às necessidades de todos, mas sempre demasiado pequeno, para a ganância de alguns." (Mahatma Gandhi)


Baterias que "morrem" 18 meses depois de lançadas, impressoras que bloqueiam a impressão após um determinado número de impressões, lâmpadas que queimam em mil horas ... Por quê, apesar dos avanços em tecnologia, produtos de consumo duram cada vez menos?

Filmado na Catalunha, França, Alemanha, EUA e Gana, "Obsolescência programada" faz uma viagem através da história de uma prática empresarial que envolve a redução deliberada da vida de produtos para aumentar seu consumo.
Segundo o documentário, seria possível fabricar lâmpadas baratas que durassem 10 anos, geladeiras p/ durar 25 anos ou carros para rodar 1 milhão de km. Assim, seria possível gastar muito menos com o consumo de produtos industrializados. Mas como foi publicado em 1928, em uma influente revista de publicidade dos EUA: "Um artigo que não se desgasta é uma tragédia para os negócios."

DOCUMENTÁRIO: ‘OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

VERSÃO ORIGINAL EM ESPANHOL



VERSÃO LEGENDADA EM PORTUGUÊS



O documentário, dirigido por Cosima Dannoritzer e co-produzido pela TV Espanhola, é o resultado de 3 anos de pesquisas, faz uso de imagens de arquivos pouco conhecidos, fornece provas documentais e mostra as desastrosas consequências ambientais decorrentes dessa prática.
Apresenta também diversos exemplos do espírito de resistência que está crescendo entre os consumidores e inclui a análise e opinião de economistas, designers e intelectuais que propõem alternativas para salvar o meio ambiente e a economia.
Existe hoje um crescente movimento para se consumir menos, gastar menos, jogar fora tudo o que nos escraviza nessa roda viva de consumo - a primeira coisa a fazer é livrar-se da TV, a principal ferramenta de ‘programação cerebral’ usada pelas corporações. Ainda, consumir menos, adquirir só o necessário, boicotar as industrias, as corporações.


UMA LÂMPADA NA ORIGEM DA OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

Edison produziu sua primeira lâmpada em 1881. Durou 1.500 horas. Em 1911, um anúncio na imprensa espanhola destacou os benefícios de uma marca de lâmpadas com um certificado de vida de 2500 horas. Mas como revela o documentário, em 1924, um cartel que reúne os principais fabricantes na Europa e os Estados Unidos negociaram para limitar a vida útil de uma lâmpada para 1000 horas. O cartel foi chamado PHOEBUS e oficialmente nunca existiu, mas o documentário mostra o documento que é o ponto de partida do conceito de "obsolescência programada", que hoje é aplicado na última geração de produtos eletrônicos, como impressoras e iPods e que tem sido aplicado também na indústria têxtil.


AFRICA A LATA DE LIXO ELETRÔNICO DO MUNDO

Esse descarte constante tem graves consequências ambientais. Países como o Gana, na Africa, estão se tornando o LIXÃO do primeiro mundo eletrônico. Periodicamente, desembarcam na África e outras regiões do 3.o mundo (inclusive Brasil) centenas de contêineres cheios de resíduos, sob o rótulo de "material de segunda mão", com a desculpa de ser uma contribuição para reduzir o atraso digital dessas regiões subdesenvolvidas.
Eventualmente essas toneladas de "aparelhos de 2a. mão" que são na verdade lixo industrial toxico acabam em rios ou campos onde crianças brincam.


CONSUMIDORES REBELDES NA INTERNET

Ao longo da história da ‘duração programada’, o filme desenha também um quadro da história da economia nos últimos cem anos e aponta um fato interessante: a mudança de atitude nos consumidores através do uso de redes sociais e da Internet.

Além da denúncia, o documentário mostra empresários que estão implementando novos modelos de negócio e ouve as alternativas propostas por intelectuais como Serge Latouche , que propõe a revolução do “decrescimento e a redução do consumo para liberar tempo e desenvolver uma nova forma de riqueza, como a amizade e o relacionamento com outros seres humanos, que são coisas que não se desgastam com o uso.”

14 dezembro 2011

ANKOKU BUTOH (BUTÔ): A DANÇA DAS TREVAS


O Japão do pós-guerra era indignação e dor, e um estilo de dança refletiu as feridas e a decadência dessa sociedade: o Butoh, ou Butô. A dança foi rejeitada em seu próprio país, mas ganhou o mundo com sua estética impressionante e temas polêmicos. Ficou conhecida como a “dança das trevas”.
O butô nasceu no ambiente da vanguarda japonesa, em fins da década de 1950, num contexto sociocultural marcado pela 'invasão' ocidental. Suas apresentações tocam temas como o nascimento, a morte, o inconsciente, a sexualidade, o grotesco.


Numa época atormentada entre o progresso e a tradição de antes da invasão ocidental, o butô questiona o corpo como um instrumento e o afirma como um processo, como condição da existência de um corpo em crise, que tenta dissipar os sedimentos acumulados. Sua matéria prima é a imperfeição e a precariedade humanas. Com esse conteúdo crítico, o butô vai agitar a apatia reinante nos meios artísticos e marcar os pontos de reflexão sobre a vida e a identidade do corpo cultural.


O Butô recupera a vitalidade e a força de um corpo domesticado pelas atividades cotidianas e esmagado pelas regras estabelecidas. O desenho de cada gesto é simbólico e estimula idéias, associações e emoções, tramando uma visibilidade. O corpo é o veículo de expressão dos elementos vitais: terra, água, fogo e ar. A dança realizada por esse corpo começa no coração, que em japonês é pensante.


Os ideogramas da palavra butoh dão idéia da teatralidade da dança, que até hoje não consta dos calendários oficiais como uma arte típica japonesa. O ideograma “bu” evoca as danças xamânicas, movimentos vibratórios dos corpos dos xamãs em transe, para provocar chuva. O caractere “toh” simboliza o fato de pisar a terra, em chamar para si as forças dos espíritos da terra ou ainda a vontade de sacudir, acordar ou abalar o mundo.

VIDEO: DOCUMENTÁRIO DANCE OF DARKNESS



Seus dançarinos quase não usam vestimentas, para eles o corpo veste a alma. E é através da alma, das emoções e da vivência, que se forma a dança. A maquiagem melancólica, o branco sobre todo o corpo, faz com que os músculos sejam realçados, e suas formas expressivas delineadas em movimentos essenciais.

TATSUMI HIJIKATA


Criada por Tatsumi Hijikata (1928-1986), a dança Butô surgiu das ações teatrais, performáticas, que ele desenvolveu na década de 40, durante a invasão cultural por parte do ocidente. Foi em bares, boates, cabarés e pelas ruas do submundo de Tóquio que, nos anos 60, Hijikata dava início a essa nova forma de expressão, considerada marginal, chamada de Ankoku Butoh - dança das trevas. Hoje simplesmente Butô.
Essa forma de expressão, nascida literalmente na sarjeta, retomou tradições antigas do Japão, técnicas de dança ocidental e, antes de tudo, a idéia quase esquecida de que o dançarino não dança para si, mas para reviver algo muito maior.

VIDEO: 'A GIRL', TATSUMI HIJIKATA



O butô trilha um caminho que tenta romper com o enfrentamento de si e se entrega à força do corpo próprio. É uma busca pelo reencontro com um corpo perdido, um corpo que deseja ser ele mesmo, não mais rejeitado e saqueado.
O próprio Hijikata se referiu a esse encontro com o corpo. Nas suas palavras:
“Não estou em busca da superficialidade entre as pessoas. Prefiro ir fundo dentro da pessoa, me perder no seu corpo e assim encontrar com seu corpo e sua alma. Eu poderia, por exemplo, desmascará-lo dizendo- lhes: seus olhos são terríveis, você que sempre viveu, assim como todo mundo, e isso é porque você esteve sempre tão alienado da sua carne e do seu sangue”.

CINE DANCE: THE BUTOH OF TATSUMI HIJIKATA - ANMA (THE MASSEURS) + ROSE COLOR DANCE - SCREENER



KAZUO OHNO


Além de Hikijata, outro mestre máximo do butô é Kazuo Ohno (1906-2010), uma lenda dessa arte que celebrizou a dança da luz - uma contraposição a dança das trevas.
Seu encontro com Tatsumi Hijikata - fundador do butô - e as influências da dança moderna levaram Ohno a popularizar o estilo. Minimalista, Ohno sempre se apresentava vestido de mulher. Entre seus trabalhos mais famosos estão os espetáculos "Dead Sea", "Ka Cho Fu Getsu", "My Mother" e "Water Lilies".

VIDEO: KAZUO OHNO



Nascido na ilha de Hokkaido em 1906, Ohno entrou para o estúdio de dança comandado por Baku Ishii em 1933. Depois de uma pausa de nove anos nas atividades durante a Segunda Guerra Mundial, em que serviu na China e na Nova Guiné e foi prisioneiro de guerra, Ohno fez sua primeira apresentação na capital japonesa em 1949, aos 43 anos.

VIDEO: KAZUO OHNO ON TECHNIQUE AND MOTIVATION



De acordo com palavras do próprio Ohno, “Butô é uma das mais arrojadas formas de dança contemporânea, única do Japão. Expressa ao mesmo tempo tantas idéias diferentes que é impossível defini-la. Ela somente choca e surpreende”.
Ele busca no inconsciente comum a todo homem, oriental ou não, a beleza e a decrepitude, a simplicidade e a complexidade, o cômico e o trágico.

VIDEO: KAZUO OHNO – ‘MOTHER’



Ohno se interroga sobre o que são os olhos para o corpo e afirma que eles não estão apenas olhando o mundo exterior, mas sim o próprio corpo. São olhos que “sabem olhar através do corpo”. O olho, portanto, no butô, não só está no rosto, mas pode estar no centro da cabeça, no meio do pé, nas costas ou na sola dos pés.

VIDEO: KAZUO OHNO AOS 95 ANOS, TOKYO 2002



Em 2001, aos 95 anos, Ohno ainda arrebatava platéias com suas coreografias que pretendiam revelar “as formas da alma”.
“A minha dança é a reza para a vida. O que me faz dançar é o sofrimento que eu carrego dentro do meu coração. A vida e a morte são inseparáveis, estão juntas dentro de mim enquanto eu danço, a vida é a reza, a fé e a dança é também a mesma coisa”, define Kazuo Ohno.


O corpo na dança butô é ambíguo e revela o obscuro e o luminoso na nossa natureza.
É um corpo mutante, que se metamorfoseia. É um corpo em processo, que admite a sobreposição da vida e da morte, do nascimento e do envelhecimento, admite uma contingência caótica, a possibilidade de criação incessante, um corpo sempre aberto, inacabado. A dor do corpo morto é um tema central quando nos referimos ao butô e conduz à inovação de cada instante, pois a morte é necessária e fundamental para que a vida possa florescer, para que possamos renascer.


Akaji Maro, criador da primeira companhia de dança butô, assim se refere ao corpo morto: “Primeiro, você precisa matar seu corpo para construir um corpo como uma ficção maior. E você poderá ser livre naquele momento”. O corpo morto é capaz de desvendar outras possibilidades para o corpo que dança, gerando novos tipos de organização. Degradar o corpo para experimentar outras formas. Tentar esvaziá-lo e libertá-lo dos automatismos que nele se sedimentam, torna-se dessa forma uma busca constante desse corpo, quando nos referimos à dança butô.


Todo o período de experimentação, que fez o próprio Hijikata e os dançarinos que com ele trabalharam, ultrapassar seus limites, tinha como objetivo testar a possibilidade de ir além dos registros habituais da consciência. O corpo morto parecia capaz de abrigar novos começos. Fazer renascer o corpo. Viver outras vidas. Carregá-las o tempo todo no corpo.


A dança butô revela um corpo que pode “ver com a pele, respirar com o ventre”. Nesse sentido, o interior do corpo permanece vedado ao órgão da visão, aberto por uma faculdade do “sentir”, de um território incomum, de estados singulares de percepção.
Os olhos na dança butô podem ser um exemplo bastante interessante para pensarmos nessa possibilidade de deslocamento e amplificação de um corpo que se refaz o tempo todo, descolonizando-se e recolonizando-se em fluxos contínuos de intensidade, numa criação sempre móvel.


SANKAI JUKU

VIDEO: SANKAI JUKU-BUTOH DANCE



Outro dos principais herdeiros da tradição do mestre Hikijata, o Butô, é o Sankai Juku, grupo criado em 1975. O nome Sankai Juku significa “oficina da montanha e do mar”, uma referência aos dois elementos característicos da geografia japonesa. A companhia já esteve no Brasil com a peça Unetsu -Ovos em Pé por Curiosidade e Kagemi -Além das Metáforas de Espelho.

VIDEO: SANKAI JUKU – TOKI



No Brasil
Além do grupo Sankai Juku, o mestre Kazuo Ohno já veio ao Brasil por três vezes (1986, 1992 e 1997), assim como Natsu Nakajima, Anzu Furukawa, Ko Murobushi, Min Tanaka, Carlotta Ikeda e sua Cia. a Ariadone, também já se apresentaram por aqui.


SABURO TESHIGAWARA


Como a arte também está em evolução, Saburo Teshigawara, difundiu para o ocidente o pós-Butô, assim como ele se define na sua coreografia. Ele nasceu em Tóquio em 1953 e é o mais importante coreógrafo japonês contemporâneo. Iniciou sua carreira em 1981, após sua formação em artes plásticas e dança clássica.

VIDEO: SABURO TESHIGAWARA



Gozando de um prestígio significativo no mundo da dança, é convidado para os principais palcos mundiais com a sua companhia Karas (que significa «corvo», um pássaro benéfico na cultura japonesa), que fundou com Kei Myata em 1985.
Paralelamente ao seu trabalho solo e às suas atividades com a companhia, Teshigawara destaca-se no cenário da dança como coreógrafo e diretor. Com sua sensibilidade refinada para escultura e seu grande talento para composição coreográfica, uso do espaço e precisão de movimento, elaborou um universo distinto e único na dança contemporânea. Ele cria a sua própria linguagem, resolutamente inovador e baseado numa investigação permanente sobre a liberdade.

Aqui, um trecho do espetáculo "Glass Tooth", onde ele dança sobre pedaços de vidro que simbolizam fragmentos do tempo.

VIDEO: 'GLASS TOOTH' - SABURO TESHIGAWARA

12 dezembro 2011

Projeto IrRadiando - Oficina de Imagens


O projeto IrRadiando, executado pela ONG mineira Oficina de Imagens, desenvolve oficinas voltadas para adolescentes, jovens comunicadores e atores envolvidos com o sistema de garantias dos Direitos da Criança e do Adolescente no norte de Minas e nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
O objetivo é capacitar jovens para a produção crítica de comunicação em rádio e vídeo, e disseminar os princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente – tornando a comunicação uma ferramenta de cidadania.
Para isso, conta com uma uma unidade móvel, com estúdio de vídeo e rádio, para viajar pelo interior de Minas oferecendo três opções de oficina para as cidades participantes: rádio e vídeo para os jovens, e Comunicação e Direitos para adultos ligados ao tema da infância e adolescência (assistência social) - que discutem o Estatuto da Criança e do Adolescente, e a confluência entre comunicação e mobilização social na ampliação da cidadania.
Todos os municípios participantes recebem câmeras de vídeo e gravadores de áudio para dar continuidade à produção de rádio e vídeo desenvolvido nas oficinas. O contato com a equipe do IrRadiando acontece pelo site dos Jovens Comunicadores do Semi-árido.



Este programa especial, Jogo de Ideias, foi gravado em Padre Paraíso, no Vale do Jequitinhonha, e contou com a direção de fotografia de Beto Magalhães, produtor e diretor de filmes e documentários consagrados.



O programa conta com os depoimentos do coordenador do projeto Irradiando, Bruno Vilela; do educador, Bernardo Brant; do também educador e coordenador das oficinas de audiovisual, Victor Santos; de Carlos Jáuregui "Bolívia", coordenador das oficinas de rádio do projeto e de vários jovens que participaram das atividades.

09 dezembro 2011

METROPOLITAN MUSEUM LANÇA WEBSITE COM MAIS DE 340 MIL OBRAS DE ARTE


O Metropolitan Museum de Nova York relançou seu website com ampliações e remodelações que incluem o acesso completo a mais de 340 mil obras de arte da coleção do museu.
Com um design novo e simplificado, o site traz informações completas e recursos multimídias sobre as exposições e galerias do museu, além de um design que facilita a visualização do vasto conjunto de imagens e recursos apresentados.
O site apresenta ainda a visão das quase 400 galerias do museu, com descrição e fotografias, além das obras de destaque de cada uma delas e links para conteúdos relacionados. Há ainda à disposição do internatua muitas imagens em alta resolução com possibilidades de zoom, permitindo a sua exploração detalhada.

VIDEO: DOCUMENTÁRIO COMPLETO SOBRE O NY METROPOLITAN MUSEUM


O Metropolitan Museum de Nova York por superalbertofilho

07 dezembro 2011

ARQUITETURA ALTERNATIVA: VILA DE CONTÊINERES

Em 1937, o americano Malcom McLean inventou grandes caixas de aço para armazenar e transportar fardos de algodão: os contêineres, essenciais para o comércio na economia globalizada. E hoje, até se vive dentro de um.
Na cidade de Amsterdã, capital da Holanda, fica a maior vila de contêineres do mundo – a Keetwonen Student Housing, com aproximadamente 1 000 apartamentos de metal.



A vila foi construída para atender à demanda por alojamentos estudantis na cidade. Os contêineres foram comprados na China, onde passaram por uma reforma e ganharam os equipamentos básicos de um apartamento, como pia, banheiro, aquecedor e isolamento acústico. Eles foram levados de navio para a Holanda e empilhados com guindastes até formar um prédio de 5 andares, inaugurado em 2006, e hoje abriga estudantes.



Os contêineres são pequenos, o prédio não tem elevador e o aluguel custa 320 euros por mês - barato para os padrões de Amsterdã, ninguém reclama.
O sucesso foi tão grande que a empresa responsável pelo projeto já construiu outra vila num subúrbio de Amsterdã - e também está erguendo um hotel na cidade de Yenagoa, na Nigéria, para turistas que quiserem ter a experiência de dormir num contêiner. Mas com acomodações de luxo - lata por fora, quatro-estrelas por dentro.

05 dezembro 2011

O INSTITUTO ITAÚ CULTURAL E A ARTE CIBERNÉTICA


Desde sua criação, em 1987, o Instituto Itaú Cultural investe no desenvolvimento de obras e pesquisas de arte e tecnologia, trabalhando sua relação com outras áreas artísticas e culturais. Nos últimos 15 anos, o programa Rumos Itaú Cultural vem mapeando e já selecionou 729 trabalhos de diversas áreas: artes visuais, cinema e vídeo, arte e tecnologia, dança, educação, pesquisa acadêmica, jornalismo cultural, literatura e música.


Agora, todos os resultados do programa estão concentrados ao alcance do público, de artistas e de produtores culturais. Com isso a Base de Dados Rumos dá continuidade ao processo de difusão da produção cultural brasileira e transparece as ações do Instituto.
A biografia dos selecionados e informações sobre seus trabalhos - sinopse, ficha técnica, música, trecho em vídeo etc - estão disponíveis para consulta. Para navegar pela Base, basta escolher a categoria e a edição do programa no índice.
Também, na Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Tecnologia, é possível encontrar verbetes relacionados ao tema. Acesse!


No segmento da arte e tecnologia, o programa Rumos Arte Cibernética e a Bienal Internacional de Arte e Tecnologia de São Paulo, Emoção Art.ficial, são exemplos dessa atuação.

VÍDEO: ACERVO DE OBRAS DE ARTE CIBERNÉTICA DO INSTITUTO ITAÚ CULTURAL





Mais de 400 mil pessoas já foram tocadas por emoções artificiais durante as cinco edições da Bienal de Arte e Tecnologia do Itaú Cultural. Desde 2002, as mostras não só exibem, mas também ajudam a fazer a história da arte do nosso tempo. Uma forma de arte que se apropria das novas tecnologias, subvertendo seus usos, desafiando as razões para as quais foram criadas. Não importa se são artefatos conhecidos ou o retrato do que de mais avançado existe na ciência.

VÍDEO: ARTISTAS E TECNOLOGIA



Pela bienal já passou um robô feito de aspirador de pó que reagia a quem se aproximasse. As imagens captadas por uma câmera instalada sobre um robô espião, que circulou dentro da área da instalação, eram tratadas e recondicionadas, revelando de maneira cômica o aspecto intrusivo das câmeras de vigilância.

VÍDEO: PROJETO SPIO



Na quinta edição da mostra, em 2010, neurônios de rato reproduzidos em laboratório sentiram os visitantes por meio de sensores e controlaram, lá dos Estados Unidos, robôs que, com lápis, desenharam em tubos de PVC. Tudo isso feito para ser arte: tecnologia criada comercialmente, mas utilizada para surpreender, provocar e emocionar.
Na instalação ‘Silent Barrage’, robôs movem-se verticalmente ao longo de várias colunas, deixando rastros que são, na verdade, a representação dos disparos de neurônios de roedores, cultivados num recipiente de vidro localizado a milhares de quilômetros de distância. Paralelamente, sensores ao largo da instalação capturam os movimentos do público, que, por sua vez, também fazem os robôs se deslocarem.

VÍDEO: ‘SILENT BARRAGE’



‘Silent Barrage’ é uma obra do coletivo SymbioticA - um laboratório australiano, que une os artistas Guy Ben-Ary e Philip Gamblen, os engenheiros Peter Gee, Nathan Scott e Stephen Bobic e o dr. Steve Potter, neurocientista do Laboratório de Neuroengenharia de Georgia Tech, Atlanta, Estados Unidos. Instalado na Escola de Anatomia e Biologia Humana da Universidade da Austrália Ocidental, o grupo une a arte à ciência, incentivando o pensamento crítico sobre as questões éticas e culturais que envolvem a manipulação da vida.

VÍDEO: SYMBIOTICA LAB – ‘SILENT BARRAGE’, ROBOTIC INSTALLATION, 2009



O artista Leonel Moura trabalha na área de inteligência artificial e robótica. Criou o Robotarium em 2007, o primeiro zoológico de robôs, localizado em Alverca, Portugal. Com base nas criaturas portuguesas, cinco pequenos robôs – distintos em sua morfologia e em seu comportamento – foram construídos com exclusividade para a mostra Emoção Art.ficial 5.0 – Autonomia Cibernética.

VÍDEO: ‘ROBOTARIUM’



Moura também criou o ‘RAC3 – Robotic Action Painter’. Um robô artista que realiza pinturas em estilo abstrato gestual baseado em informações em seu código e em inputs do público.

VÍDEO: RAP3 – ROBOTIC ACTION PAINTER



Desde 2007, ‘RAP3 – Robotic Action Painter’ encontra-se na sala dedicada à evolução da humanidade no Museu de História Natural de Nova York, em permanente atividade criativa. O artefato gera composições originais, decide por si próprio quando o desenho está pronto e assina no canto inferior direito como qualquer artista humano.



E como toda arte que merece esse nome - cibernética, as obras da bienal não precisam ser entendidas. As exposições são abertas a todos: de leigos, até quem compreende a complexidade de softwares e máquinas que parecem ter intenção e vontade próprias.

Em 2010, quinta edição da bienal, completou uma trilogia de conceitos que vêm orientando a escolha dos trabalhos.



Em 2006, as obras traziam à tona a questão da interface sob o ponto de vista da cibernética, disciplina que estuda a interação entre entidades sem diferenciar as biológicas das artificiais.
Em 2008, foi a vez da emergência: trabalhos nos quais o ciclo cibernético permitia às próprias máquinas fazerem surgir comportamentos e regras imprevisíveis até mesmo aos seus criadores.



Agora, em 2010, a bienal é norteada pela noção de autonomia cibernética, pela evolução de regras e padrões derivados dos comportamentos emergentes das próprias máquinas. Grosso modo, é como se as máquinas percebessem que seu próprio comportamento leva a coisas vantajosas ou prejudiciais aos seus objetivos. Com isso, podem mudar de idéia e agir como se tivessem “personalidade”.



Para discutir, refletir e provocar as mentes inquietas para idéias tão complexas, a bienal vem sempre acompanhada de um simpósio internacional, que coloca em debate pensadores de diversas áreas.
A quinta edição da Bienal de Arte e Tecnologia do Itaú Cultural - Emoção Art.ficial 5.0 aconteceu entre julho e setembro de 2010, na sede do Itaú Cultural em São Paulo.

02 dezembro 2011

JUNGLE JAM: A INSTALAÇÃO SONORA DO GRUPO CHELPA FERRO


Formado pelos artistas plásticos Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler em 1995, o grupo Chelpa Ferro realiza um trabalho que explora a plasticidade do som e sua dinâmica, através de esculturas, objetos, instalações e performances musicais que desafiam os sentidos do espectador, utilizando objetos do dia a dia.
O que os une é o interesse em colecionar, reproduzir e apresentar, em formatos variados, os sons que marcam a experiência urbana atual.


JUNGLE JAM
Convidando o público à uma experiência sensorial, Jungle Jam é uma instalação cinética formada por dezenas de peças idênticas, dispostas em linha horizontal sobre as paredes de uma sala e separadas por intervalos regulares. Cada peça é constituída de um misturador de alimentos portátil (mixer), e de uma sacola plástica ordinária, presa na extremidade do pino, substituindo as peças de corte.
Quando ligados, os motores fazem esses pinos girar com as sacolas, que batem nas paredes e produzem barulhos sincopados. Esses motores são comandados por uma caixa chamada ‘cabeção’, que cria, através de um programa de computador, padrões aleatórios que nunca se repetem, determinando quais motores funcionam a cada momento e quais permanecem parados. Com as mudanças inesperadas e seguidas e qualidade distintas dos sons, o público é surpreendido a cada instante.

VIDEO: JUNGLE JAM



Este experimento sonoro reflete uma cultura de resistência inovadora que se opõe à sociedade moderna pela tecnologia, através do desenvolvimento de recursos criativos e não-oficiais na arte. Através do deslocamento e do intercâmbio visual, escultural e das qualidades artística e fonética dos diferentes elementos, o uso criativo de tecnologia do Chelpa Ferro destaca as possibilidades interdisciplinares que a própria tecnologia permite.


A construção da máquina, projetada para produzir o som, segue a direção que se inicia na década de 1910, com a ‘Intonarumori’ - uma máquina barulhenta criada pelo italiano futurista Luigi Russolo, e que expressou as idéias formuladas em seu Manisfesto ‘The Art of Noises’ (L'arte dei rumori). Este Manifesto foi publicado na revista de arte Lacerba em 1913 e exaltou o ruído da metrópole moderna, que, de acordo com Russolo, domina a vida contemporânea e apresenta uma seleção extraordinária de novos tons e ritmos.


Jungle Jam foi apresentada pela primeira vez em 2006, no Centro Cultural FACT (Foundation for Art and Creative Technology), em Liverpool. Em 2008, foi mostrada pela Caixa Cultural no Rio de Janeiro, e logo após pelo MAM-Bahia, (Museu de Arte da Bahia). De Junho à Setembro de 2010, a obra foi exibida na Kunst Palast, em Düsseldorf e uma nova versão da instalação será apresentada em Londres.
O grupo Chelpa Ferro tem sido destaque nos principais eventos internacionais como as bienais de Veneza (2005), Havana (2003), São Paulo (2002 e 2004) e a Bienal de Liverpool de Arte Contemporânea (2002).

CHELPA FERRO NO ON_OFF



Aqui, um trecho da performance musical criado pelo grupo Chelpa Ferro e apresentada no Itaú Cultural durante o ON_OFF em 2006, evento que apresenta o trabalho de artistas que utilizam recursos de edição e de composição de imagens e sons ao vivo no processo de criação audiovisual. O ON_OFF integrou a programação da exposição Emoção Art.ficial 3.0 - Interface Cibernética.

Link - http://www.chelpaferro.com.br/