25 julho 2008

MARCEL DUCHAMP NO MAM-SP

O Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo realiza, a partir deste mês, a maior retrospectiva de Duchamp já realizada no Brasil, para a comemoração do sexagésimo aniversário da instituição. A mostra reúne 120 peças vindas de acervos como o do Museu de Arte da Filadélfia, dono da maior parte do espólio do artista.

Em 1917, depois que o artista plástico francês Marcel Duchamp mudou-se de Paris para Nova York, sua irmã mandou para o lixo objetos que lhe pareciam inúteis, como uma pá pendurada no teto, um suporte de garrafas no meio do quarto e uma roda de bicicleta sobre uma banqueta. Tratava-se dos originais dos ready-mades, obras que transformariam Duchamp num dos artistas mais influentes do século XX. Mas ele não deu importância à perda. Em vez disso, iniciou a produção de cópias em série dos mesmos objetos.
Duchamp tinha idéias notáveis. Aos 25 anos, abandonou a pintura e passou a investir nos ready-mades, contornando suas deficiências: ao transformar objetos do cotidiano em obras de arte, ele simplesmente eliminou a necessidade de um domínio genial da técnica. Seu maior esforço consistia em selecionar os objetos e depois dar um nome e uma apresentação inusitados.
Para ele, a partir de então, fazer arte estaria ao alcance de qualquer preguiçoso. Quando lhe perguntavam qual era sua profissão, ele respondia: “Sou um respirador”. Era uma confissão de que o ócio constituía sua principal atividade, Ele passou boa parte da carreira sem produzir ou criando apenas variações de seus objetos.
Duchamp foi um mestre da provocação. A forma como apresentou ao mundo os ready-mades é um exemplo. O mais famoso deles, em 1917, foi o urinol invertido batizado por ele de Fonte. Em 1919, voltou a despertar barulho, ao rabiscar bigode e cavanhaque numa imagem de Mona Lisa, rebatizada com as iniciais de uma expressão francesa obscena, L.H.O.O.Q.. Também, o artista intervinha em exposições de terceiros, que fazem dele um precursor da figura dos curadores de hoje.
Ao lançar esses ataques às convenções artísticas de seu tempo, Duchamp tinha como maior objetivo fazer ruir a idéia de que a arte existe para ser admirada com os olhos. Para ele, a obra de arte deveria, antes de tudo, expressar um conceito intelectual. Daí derivou a arte conceitual, a arte pop, as performances, as instalações e outras correntes contemporâneas.

ASSISTA AQUI O DOCUMENTÁRIO 'A GAME OF CHESS' (legendado)


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